As últimas duas décadas mostraram ao mundo novas maneiras de viver como resultado de diferentes mudanças sociais, econômicas e ecológicas. Naturalmente, essas mudanças chegaram à arquitetura e à prática urbana, provocando novos conceitos dentro das tipologias tradicionais. Ao projetar um espaço, independentemente de sua função, sempre se priorizaram as necessidades dos usuários, garantindo-se a praticidade e funcionalidade, mas, recentemente, palavras-chave como flexibilidade, privacidade, inclusão e consciência ecológica tornaram-se forças motrizes por trás dos processos de design. Neste Interior Focus, veremos como as cidades atuais e as tendências de vida em todo o mundo reformularam o design de interiores e introduziram modificações nas tipologias típicas.
Sem dúvida, os desafios econômicos, políticos e culturais provocaram infindáveis questões sobre como as pessoas viverão e trabalharão juntas no futuro. Tendo em vista que é estimado que 60% da população mundial residirá em áreas urbanas até 2030, e que a força de trabalho ainda está passando por constantes transformações - principalmente após a pandemia - os arquitetos vêm abordando essas mudanças implementando novos recursos e modificando projetos residenciais, comerciais e culturais típicos.
Continue lendo para saber mais sobre como as cidades atuais e as tendências de vida definiram novos projetos de interiores, explorados em 17 projetos do nosso banco de dados.
Trabalho em casa
Mudanças evidentes nos locais de trabalho tradicionais foram observadas durante a última década: cultura de startups, freelancing, a "Grande Demissão" e os infames dois anos de home office. Após um período de confinamento completamente inesperado, os funcionários tiveram que encontrar maneiras de integrar os escritórios às suas casas. Nem todos tinham um espaço sobrando, então eles se espremiam em uma mesa no canto da sala ou do quarto, ou transformavam sua mesa de jantar em uma mesa de escritório, desconsiderando completamente a ergonomia, a privacidade e o bem-estar. Por esse motivo, após 2020, os arquitetos começaram uma mudança radical em como e onde as pessoas trabalham e vivem, especialmente em projetos habitacionais de pequena escala.
Khiankhai Home & Studio / Sher Maker
Varanda Building / Todot Architects and Partners
Co-living
À medida que mais cidades crescem, a densidade urbana continua sendo uma preocupação crítica para arquitetos e urbanistas; Como eles podem garantir a privacidade dos moradores enquanto oferecem espaços públicos e recreativos? Isso colocou os projetos de coabitação sob os holofotes, provando que, se bem projetado, a densidade de um edifício não necessariamente equivale à superlotação de pessoas. Embora essa tipologia comunitária acomode indivíduos sem parentesco dentro da mesma unidade habitacional, cada um tem sua própria residência privada com suas instalações essenciais, complementadas com áreas comuns compartilhadas. Além disso, a vida multigeracional também encontrou seu caminho de volta à habitação moderna. À medida que as gerações mais jovens encontram dificuldades para pagar casas particulares e os idosos correm o risco de isolamento ou negligência, mais famílias estão recuperando as condições de vida tradicionais e optando pelo estilo de vida “tudo sob o mesmo teto”.
Zeze Osaka Coliving House / SWING
LT Josai Shared House / Naruse Inokuma Architects
Vida multigeracional
Casa Três Gerações / BETA office for architecture and the city
House for 4 Generations / tomomi kito architect & associates
Sustentabilidade
A sustentabilidade e a responsabilidade de alcançar a arquitetura neutra em carbono continuam sendo um ethos importante na prática da arquitetura. Arquitetos e urbanistas estão sempre questionando como o ambiente construído pode ser ecologicamente correto e energeticamente eficiente, mantendo sua funcionalidade intacta. Várias soluções foram implementadas para minimizar o fato de que a indústria da construção civil, até hoje, responde por quase 40% das emissões de dióxido de carbono do mundo (11% são resultado da fabricação de materiais de construção como aço, cimento e vidro), seja utilizando materiais locais, borrando as fronteiras entre natureza e arquitetura, ou abordando a questão da vida sustentável e a crise habitacional.
Materiais Locais
Sunyata Eco Hotel / Design Kacheri
Jardim de Infância de Kakapo Creek / Collingridge And Smith Architects (CASA)
Acesso direto à paisagem ou água
E Poolhouse / Habif Architects
Strong Arm House / MCK Architecture & Interiors
Design biofílico e o ar livre do lado de dentro
Casa Scaffold / Gaurav Roy Choudhury Architects GRCA
Escritório Biofílico / Andyrahman Architect
Micro-living
À medida que a população global está em constante evolução e se deslocando de um lugar para outro, os trabalhadores estão cada vez mais migrando para cidades maiores, o que gerou um novo desafio de vida; encontrar um lugar acessível e de tamanho razoável para morar nessas metrópoles movimentadas. Alguns trabalhadores optam por se estabelecer longe dos centros das cidades, beneficiando-se de casas maiores e áreas mais tranquilas, mas em contrapartida têm que gastar mais tempo e dinheiro no deslocamento. Outros, por outro lado, optam por morar em pequenos estúdios da cidade que fornecem as funções básicas de uma casa, ganhando em troca a proximidade do comércio, dos transportes e das opções recreativas. Além de várias mudanças culturais e de estilo de vida observadas entre os millennials e a geração Z, como ter diferentes meios financeiros ou preferir ter famílias pequenas, uma das tendências de vida cada vez mais recorrentes em todo o mundo na última década é o micro-living.
Apartment Renovation in Singapore / Studio Wills + Architects
Apartamentos Uxolo/ Two Five Five Architects
Bem-estar como prioridade
Embora o bem-estar seja uma prioridade há muito tempo, a pandemia do COVID-19 influenciou drasticamente a forma como as pessoas valorizam seu bem-estar físico, mental e emocional, causando mudanças rápidas e sem precedentes em quase todos os aspectos da vida. Na arquitetura, muitos projetos residenciais integravam academias ou elementos naturais, ou usavam estéticas específicas de design de interiores para transmitir uma sensação de aconchego e promover o bem-estar físico e mental. Nos escritórios, os empregadores já se preocupavam com o bem-estar de suas equipes e como atrair novos talentos para trabalhar em seus espaços físicos bem antes da pandemia, por isso, integraram zonas de silêncio e zonas de lazer e recreação, dando aos colaboradores a possibilidade de descomprimir e melhorar o seu desempenho.
Google EMEA Engineering Hub / Camezind Evolution
AN Amsterdam Office / Studio Noun
A Private Reading Room / atelier tao+c
Encontre mais interiores influenciados pelas cidades atuais e tendências de vida nesta pasta My ArchDaily criada pela autora.
Este artigo faz parte de uma série do ArchDaily que explora recursos da arquitetura de interiores, a partir de nosso próprio banco de dados de projetos. Mensalmente, destacaremos como arquitetos e designers estão utilizando novos elementos, novas características e novas assinaturas em interiores em todo o mundo. Como sempre, no ArchDaily, apreciamos muito a contribuição de nossos leitores. Se você acha que devemos mencionar ideias específicas, por favor, envie suas sugestões.
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